Breathe In Breathe Out

domingo, 5 de outubro de 2008

-Todo dia morre um amor.


-Todo dia morre um amor. Às vezes de forma lenta e gradativa, quase indolor, após anos e anos de rotina. Às vezes melodramaticamente, como nas piores novelas mexicanas. Morre sem beijo antes de dormir, sem mãos dadas, sem olhares compreensivos, com gosto de lágrima nos lábios. Morre depois de telefonemas cada vez mais espaçados, cartas cada vez mais concisas, beijos que esfriam aos poucos. Morre da mais completa e letal inanimação; ou as vezes com uma explosão, quase sempre com um suspiro.
Todo dia morre um amor; mesmo que nós românticos mais na teoria que na prática, relutemos em admitir. Porque nada é mais dolorido do que a constatação de um fracasso de saber que, mais uma vez, um amor morreu e sempre parece que a culpa foi nossa. Porque, por mais que não queiramos aprender, a vida sempre nos ensina alguma coisa. E esta é a lição: amores morrem, eles sempre morrem algum dia.
Todos os dias um amor é assassinado. Com a adaga do tédio, a cicuta da indiferença, a forca do escárnio, a metralhadora da traição. A sacola de presentes devolvidos, os ponteiros tiquetaqueando no relógio, o silêncio insuportável depois de uma discussão: todo crime deixa evidências.
Todos nós fomos assassinos um dia. Há aqueles que se refugiam em salas de cinema vazias. Ou preferem se esconder debaixo da cama, ao lado do bicho papão. Outros confessam sua culpa em altos choros e palavras desesperadas. Há aqueles que negam, veementemente, participação no crime e buscam por novas vítimas em salas de chat ou pistas de danceteria, sem dor ou remorso. Os mais periculosos aproveitam sua experiência de criminosos para escrever livros de auto-ajuda ou romances açucarados de banca de jornal, difundindo ao mundo ilusões fatais aos corações sem cicatrizes.[
Existem os amores que clamam por um tiro de misericórdia; existem os amores-zumbis, aqueles que se recusam a admitir que morreram. São capazes de perdurar anos, mortos-vivos sobre a Terra teimando em resistir, mesmo sem a menor possibilidade de darem certo.
Existem os amores-vegetais, aqueles que vivem em permanente estado de letargia, comuns principalmente entre os amantes platônicos que recordarão até o fim de seus dias o sorriso daquela garota(o) que sempre insiste em ser lembrado.
Existem, por fim, os amores-fênix. Aqueles que, apesar da luta diária pela sobrevivência, das brigas que não levam a nada, ressuscitam das cinzas a cada fim de dia e perduram: teimosos, belos, cegos e intensos. Mas estes são raríssimos e há quem duvide de sua existência. Alguns os chamam de amores-unicórnio, porque são de uma beleza tão pura e rara que jamais poderiam ter existido, a não ser como lendas e histórias de princesas.

2 comentários:

Ivy Saliba disse...

Ahhhhhhhhhhhhhhhhhh criou um blog!! Q lindo.
pq não me disse antes??? "/
num importa...

Te amooo.

Ei amei o texto, de quem é??
muito lindo.

preciso falar cntg. =**

Rosangela A. Santos disse...

Meus parabéns .. lindo o texto e cheio de reflecções ..

Sucesso